Romance
contado a duas vozes alternadas decorre num edifício situado num bairro rico de
Paris e habitado por uma burguesia rica e snobe. Renée é uma porteira de 54
anos, cultíssima, autodidata e apaixonada pela pintura naturalista holandesa,
pela filosofia, por Tolstoi, pelo cinema japonês e uma devoradora de livros.
Porém esconde-se por detrás de uma figura humilde que todos esperam ver numa porteira
e fá-lo com um humorismo que tem o seu quê de satírico. Paloma é uma
adolescente superdotada de 12 anos, intensamente consciente da vacuidade do
destino que a espera. Também ela se esforça por esconder a sua inteligência e o
olhar crítico e lúcido que tem sobre o mundo e sobre a elite a que pertence.
Esta jovem tem um objetivo: suicidar-se no dia em que completar 13 anos. Tudo
isso mudará com a chegada de um japonês, o senhor Ozu, que depressa desmascara
Renée e inclui Paloma num pequeno trio que terá para todos um papel redentor.
Mariel Barbery, nasceu em Marrocos em 1969,
formada em Filosofia, já vendeu mais de 1 milhão de livros só em França. A obra
ainda foi publicada em Espanha, Itália, Alemanha, Grã-Bretanha e nos Estados
Unidos, largamente elogiada pela crítica.
Com a leitura deste livro pude elevar o meu pensamento até
à personagem Renée. A personagem poderia ter sido eu, não pela inteligência
demonstrada, mas pela forma como viveu a vida. O facto de ser muito
trabalhadora, lutadora, tentei esconder todas as minhas qualidades e
fragilidades, para além de ser muito observadora, considerei-me uma pessoa
diferente da maioria. Ao longo dos anos, vivi uma vida muito fechada no meu
mundo, procurando um sentido para a vida. O facto de ter encontrado alguns
(senhores Ozus) no meu caminho, permitiu que crescesse podendo ver a vida com
outros olhos, menos duros e mais sonhadores. As narrativas filosóficas do livro
fizeram-me repensar a vida, pensar na sociedade, pensar nas minhas escolhas,
nas minhas decisões e até nas oportunidades que deixei passar.
Um livro de fácil leitura que recomendo.
Maria Mendes
Maria Mendes
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